
Lâminas C
Meu Atlas de
Patologia

É atribuído ao tecido conjuntivo a função de gerar e manter a forma do corpo. Isso é possibilitado pela matriz extracelular, também conhecida como MEC, a qual é o principal componente desse tecido e consiste em um conjunto de moléculas existentes entre as células do tecido conjuntivo.
Nesse sentido, a MEC é composta por proteínas fibrosas (fibras proteicas elásticas, reticulares e, principalmente, colágenas) e pela substância fundamental, formada por macromoléculas especializadas, tais como glicoproteínas multiadesivas, glicosaminoglicanos e proteoglicanos.
O tecido conjuntivo distribui-se por todo o corpo, sendo limitado pelas lâminas basais dos tecidos epiteliais. Desse modo, estrutura-se um compartimento amplo e contínuo.
Observe como a membrana basal separa o tecido epitelial do tecido conjuntivo. Este é um corte de traqueia.
PAWLINA, Wojciech. Ross Histologia - Texto e Atlas. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2021. E-book. ISBN 9788527737241. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737241/. Acesso em: 04 ago. 2024.
A distinta combinação entre as proporções dos componentes possibilita a formação de diferentes tipos de tecido conjuntivo, cada qual com diferentes propriedades funcionais, mas com as características gerais mantidas. São eles:
TECIDO CONJUNTIVO EMBRIONÁRIO
A) Mesênquima:
O mesênquima embrionário é responsável por formar a maior parte dos tecidos conjuntivos e é formado por células mesenquimais, as quais são derivadas da camada germinativa média - o mesoderma - no final do primeiro mês de vida intra-uterina.
Essas células são pequenas e possuem, de modo característico, núcleo oval, formato fusiforme e delgados prolongamentos citoplasmáticos. Esses prolongamentos compõem uma rede tridimensional de células, haja vista que entram em contato com prolongamentos similares das células vizinhas. No espaço extracelular, encontra-se uma substância fundamental de aspecto viscoso, composta por finas e relativamente espaçadas fibras delgadas e reticulares.
Desse modo, justifica-se a escassez de fibras colágenas em razão do baixo estresse físico em que o feto está exposto neste período de desenvolvimento.
As células mesenquimais estão presentes durante toda a vida e possuem atuam como células-tronco, isto é, auxiliam a formação de mais tecido conjuntivo quando necessário.


As células mesenquimatosas apresentam características similares, porém originam células que se diferenciam em diversos outros tipos celulares.
Note a disposição espaçada das fibras
reticulares e a grande quantidade de substância fundamental, bem como a característica afilada ou fusiforme propiciada pelos prolongamentos fusiformes.
PAWLINA, Wojciech. Ross Histologia - Texto e Atlas. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2021. E-book. ISBN 9788527737241. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737241/. Acesso em: 04 ago. 2024.
B) Mucoso:
Composto por matriz extracelular especializada, que consiste principalmente em ácido hialurônico ou hyaluronan. Com frequência, a substância fundamental do tecido conjuntivo mucoso é denominada geleia de Wharton. Algumas células encontradas na geleia de Wharton possuem marcadores de células-tronco mesenquimatosas e podem diferenciar-se em adipócitos, condrócitos e alguns outros tipos celulares, desde que submetidas às condições ideais. É um tecido característico do cordão umbilical.

MOORE, Keith M.; PERSAUDE, T. V N. Embriologia Clínica. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2020. E-book. ISBN 9788595157811. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595157811/. Acesso em: 04 ago. 2024.
TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO
a) tecido conjuntivo frouxo: caracteriza-se por fibras dispostas de forma frouxa, ou seja, são fibras colágenas finas e esparsas com substância fundamental de volume significativo.
O tecido conjuntivo frouxo está localizado abaixo dos epitélios que cobrem as superfícies corporais e que revestem as superfícies internas do corpo. Também está associado ao epitélio das glândulas e circunda os vasos sanguíneos menores. Tem consistência gelatinosa/viscosa com papel importante na difusão do oxigênio, dióxido de carbono, restos metabólicos e outros nutrientes.

O tecido conjuntivo denso é formado pelos mesmos elementos encontrados no tecido conjuntivo frouxo, porém tem fibras mais espessas e mais numerosas, além de menor quantidade de células. Este tecido conjuntivo é menos flexível e mais resistente à tensão do que o tecido conjuntivo frouxo.
NOTA!
O local das reações inflamatórias e imunes é o tecido conjuntivo frouxo que pode intumescer (inchar) consideravelmente durante o evento. Além disso, grandes porções de células imunes são mantidas nas áreas do corpo em que há constantemente substâncias estranhas. Como, por exemplo; a lâmina própria, o tecido conjuntivo frouxo das mucosas do sistema respiratório e do sistema digestório.
b) tecido conjuntivo denso não modelado: contém principalmente fibras colágenas e caracteriza-se por fibras abundantes, multidirecionais, esparsas e poucas células (basicamente fibroblastos). Além disso, o tecido conjuntivo denso apresenta substância fundamental e boa quantidade de fibras colágenas, que garantem alguma resistência para suportar stress exercido sobre os órgãos. Por exemplo, a pele e órgãos ocos - como o intestino - contém camada de tecido conjuntivo denso não modelado, a qual proporciona resistência às forças de estiramento em diferentes direções.

Observe, destacado em amarelo, as fibras colágenas dispostas em diversas direções. Importante ressaltar que essa característica multidirecional de fibras garante resistência do tecido a pressões e trações.
Em azul temos o tecido conjuntivo frouxo constituído de muitas células e pouca matriz extracelular.
Em amarelo, adjacente à mucosa, há uma camada de tecido conjuntivo denso não modelado com grande quantidade de colágeno.
Entre os dois tecidos destacados existe uma delgada camada de tecido muscular liso.

c) tecido conjuntivo denso modelado: principais características: organização e densidade de fibras e células com matriz extracelular escassa. Nesse tecido as fibras estão dispostas em feixes paralelos e são densamente agrupadas para garantir força máxima ao tecido. Constitui o principal componente funcional dos tendões, dos ligamentos e das aponeuroses.

Em amarelo, temos as fibras colágenas espessas e muito organizadas paralelamente entre si. Tal arranjo proporciona grande resistência à forças de tração.
Observe, circulados de azul e entre as fibras, fibroblastos e fibrócitos alongados, em que o item mais visível são seus núcleos. As imagens são de um tendão seccionado longitudinalmente.
TATUAGEM
É fato que as tatuagens é mais uma das variadas
formas que temos de nos expressarmos. Afinal, um
dos objetivos seria permitir ao indivíduo registrar
sua própria história, carregando-a na pele em seus
constantes deslocamentos”, afirma a artista plástica
Célia Maria Antonacci Ramos, da Universidade
Estadual de Santa Catarina (Udesc).
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-surgiu-a-tatuagem/
Mas qual o processo histológico está por trás desse
método tão interessante de coloração da pele?
Como já sabemos, a pele possui camada e a mais superficial é constituída por células mortas repletas de queratina. Logo abaixo, está a epiderme - uma camada que possui células vivas. E a terceira e mais profunda camada é a derme. É nessa última camada que a agulha da tatuagem penetra e injeta o pigmento, o qual ficará fixo na pele, dando cor à tatuagem.
Mas como a tinta da tatuagem se fixa na pele?
O pigmento se fixa nas células da derme, que é formada por tecido conjuntivo. Esse tecido faz com que a derme seja mais estável do que a epiderme. Assim, a tinta da tatuagem permanece no lugar, sem se dispersar para outras partes do corpo. Essa “invasão” do corpo causada pelos pigmentos é bem difícil de se reverter.
Para se remover uma tatuagem, é preciso usar laser, um processo bem caro e doloroso. Além disso, a presença dos pigmentos desencadeia reações inflamatórias ativando as chamadas células de defesa. Portanto, é importante refletir bem antes de fazer uma tatuagem.
Fonte: https://www.ufmg.br/ciencianoar/wp-content/uploads/2018/11/e5_25-tatuagempensebemantesdefazeruma.pdf
Por qual razão as tatuagens duram a vida inteira
se a nossa pele se regenera tão rapidamente?
Basicamente, nosso corpo trata a tatuagem como uma infecção. A tinta injetada na pele é ‘engolida’ pelos macrófagos, células de defesa do organismo, como se fosse um patógeno invasor.
Se a nossa pele passa por um ciclo de regeneração constante, no qual as células ‘velhas’, incluindo os macrófagos, morrem para serem substituídas por novas, seria lógico que o pigmento da tatuagem desaparecesse junto com essas células.
Então, por que isso não acontece?
Tatuagem tem renovação constante. De acordo com o estudo publicado no periódico científico Journal of Experimental Medicine, a tinta ‘ingerida’ pelo macrófago é liberada na derme, camada intermediária da pele, quando ele morre e é absorvida pelas células circundantes. Esse ciclo continua praticamente para sempre. Na prática, isso significa que a tatuagem se renova junto com a pele.
Fonte: https://veja.abril.com.br/saude/saiba-porque-tatuagens-duram-a-vida-inteira/

Por não atingir a mesma profundidade nas camadas da pele, micropigmentação não é a mesma coisa que tatuagem.

Fibras do tecido conjuntivo
Composto por proteínas em cadeias longas, cada um dos tipos de fibra é produzido por fibroblastos e são encontradas em quantidades variáveis, dependendo das necessidades estruturais ou da função do tecido conjuntivo. Os tipos de fibras do tecido conjuntivo são os seguintes: fibras colágenas, reticulares e elásticas.
a) fibras colágenas: característica de alta flexibilidade e resistência, é componente de maior presença na estrutura do tecido conjuntivo. Ao MET (microscópio eletrônico), observa-se subunidades filamentosas finas; as fibrilas. Além disso, coram-se pela eosina e por outros corantes ácidos.
Tipos de Colágeno:
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Fibrilares: longas fibrilas – colágeno I, II, III, V e XI – Tendão, cartilagem, derme, osso.
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Colágeno tipo I: Pele, Osso, tendões, ligamentos, fácias, dente, córnea - forma fibrilas, fibras e feixes.
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Colágeno tipo II: Cartilagens - forma fibrilas.
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Colágeno tipo III: Tecidos fetais, estroma de órgãos e glândulas, órgãos linfóides e hematopoiéticos – cora por prata – forma fibrilas e fibras = FIBRAS RETICULARES.
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Colágeno tipo IV: Membrana basal dos epitélios, vasos e célula muscular lisa – não formam fibrilas, formam rede.
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Colágeno tipo VII: Membrana basal de epitélios – formam fibrilas de ancoragem.
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Colágenos associados a fibrilas: estruturas curtas (ligação): IX, XII, XIV.
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Colágeno transmembranas: XIII e XVII – Hemidesmossomas.

Em amarelo, temos as fibras colágenas e destacado na cor preta temos as fibras elásticas.
"Doença do colágeno"
As colagenoses – ou doenças reumatológicas – são um grupo de doenças autoimunes caracterizadas por processos inflamatórios e degenerativos que atacam o tecido conjuntivo do corpo. Esse tecido é constituído de fibras, como o colágeno, e, por isso, a colagenose também é chamada de “doença do colágeno”.
Tais doenças comumente cursam com comprometimento intersticial e as que possuem maior significância clínica incluem: artrite reumatóide, esclerose sistêmica progressiva, lúpus eritematoso sistêmico, dermatopolimiosite, doença mista do tecido conjuntivo e síndrome de Sjögren.
b) fibras reticulares: proporcionam um arcabouço estrutural de sustentação para os constituintes celulares de vários tecidos e órgãos que os tornam capazes de responder ao estiramento e à distensão. Diferentemente das fibras colágenas, formada por colágeno tipo I, as fibras reticulares são compostas por colágeno do tipo III e suas fibrilas são ramificadas com pequeno diâmetro e não costumam formar fibras espessas. Nas preparações coradas por H-E, não é possível identificar as fibras reticulares que são designadas de acordo com o seu arranjo em um padrão semelhante a malha ou rede.
As fibras reticulares são particularmente abundantes em músculo liso, endoneuro e órgãos hematopoéticos, como baço, nódulos linfáticos e medula óssea vermelha. Constituem uma delicada rede ao redor de células de órgãos parenquimatosos como as glândulas endócrinas. Seu pequeno diâmetro e a disposição frouxa criam uma rede flexível em tecidos que são sujeitos a mudanças fisiológicas de forma ou volume, como artérias, baço, fígado, útero e camadas musculares do intestino.

c) fibras elásticas: tornam os tecidos capazes de responder ao estiramento e à distensão, são mais finas que as colágenas e estão dispostas em uma espécie de rede 3-D. A elastina é muito mais flexível que o colágeno, por isso tais fibras ficam entrelaçadas com as colágenas para barrar a distensibilidade do tecido e evitar a laceração por estiramento excessivo.
As fibras elásticas, colágenas e reticulares são produzidas praticamente das mesmas células, sendo elas; fibroblastos, células da musculatura lisa, células endoteliais e condrócitos.
Estão presentes no mesentério, na derme, nos ligamentos elásticos, nas artérias, na cartilagem elástica, nos pulmões e na bexiga. São formadas pelas proteínas fibrilina e elastina. Podem ser encontradas de três tipos:
oxitalânicas, elaunínicas e elástica, o qual a quantidade dessas proteínas variam na sua composição.

Uma diferença importante sobre os três tipos de fibras é em relação às quantidades crescentes de elastina associada. Conforme sequencia acima, as oxitalânicas têm menos e as elásticas possuem em maior quantidade.
O fotoenvelhecimento é o envelhecimento precoce da
pele devido à exposição excessiva aos raios do sol.
O dano causado pelos raios UV, altera a produção de
proteínas de colágeno e elastina, além de aumentar sua
degradação pelas metaloproteinases.
Qual a diferença entre envelhecimento e fotoenvelhecimento?
Enquanto uma pele envelhecida pela passagem do tempo apresenta textura mais lisa, ligeiramente atrofiada, com rugas discretas e sem manchas, a pele fotoenvelhecida tem superfície mais áspera e espessa, repleta de manchas e de rugas acentuadas.

Células do tecido conjuntivo
As células do tecido conjuntivo podem ser residentes ou transitórias.
RESIDENTES: células que são relativamente estáveis ou manifestam pouco movimento e podem ser consideradas permanentes do tecido como:
a) fibroblastos: principal célula do tecido conjuntivo e são responsáveis pela síntese de colágeno, pelas fibras elásticas e reticulares e pelos complexos de carboidratos da substância fundamental. Nas lâminas coradas por H-E, o núcleo é a parte mais visível sendo uma estrutura alongada e seus prolongamentos achatados, finos e de coloração pálida.
Nos fibroblastos ativados (período de crescimento ou reparo), o citoplasma fica mais extenso e relativa basofilia pois há quantidade aumentada de RER associadas à sintese proteica.
*miofibroblastos: células especializadas que exibem um fenótipo híbrido, com características de fibroblastos e células musculares lisas.
b) Macrófagos: são células fagocíticas que se originam dos monócitos que contêm uma quantidade significativa de lisossomos. A movimentação se dá da seguinte forma: os monócitos migram da corrente sanguínea para dentro do tecido conjuntivo, no qual amadurecem e se diferenciam em macrófagos.
O núcleo reniforme (forma de rim) e o excesso de lisossomos no citoplasma são características importantes que ajudam a identificar os macrófagos.
Ao MET é possível observar pregas na superfície do macrófago que são responsáveis por envolver as substâncias a serem fagocitadas que com a ajuda dos lisossomos, constituem as estruturas mais características da capacidade fagocítica especializada da célula.
Embora a principal função do macrófago seja a fagocitose, seja como atividade de defesa (fagocitose de bactérias) ou como operação de limpeza (fagocitose de resíduos celulares), ele também desempenha um importante papel nas reações das respostas imunes.


IMUNOLOGIA
As células apresentadoras de antígenos profissionais (APCs do inglês Antigen Presenting Cells) são células do sistema imunológico que são especializadas em apresentar um antígeno para uma célula T. Os tipos principais das APCs profissionais são células dendríticas (DC), macrófagos e células B.

A mecânica de processamento das proteínas antigênicas se dá, de forma bem resumida, da seguinte forma:
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inicia pela fagocitose, que permite a sua fragmentação em estruturas proteicas menores.
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No retículo endoplasmático rugoso, temos a síntese da molécula de MHC I ou MHC II (complexo principal de histocompatibilidade), que é responsável por levar para a superfície as estruturas proteicas de diversos compartimentos celulares, inclusive dos antígenos.
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Já na superfície celular, as células linfocitárias (T, Helper, citotóxica) reconhecem que ali há um antígeno a ser eliminado.
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A eliminação do antígeno pode ser por morte completa da célula ou por ação de degradação dos lisossomos.




c) Adipócitos: encontrados no tecido conjuntivo frouxo, desempenham papel fundamental no equilíbrio energético do corpo, uma vez que o corpo necessita de suprimento contínuo de energia além da quantidade de alimentos provenientes do meio externo. Quando a ingestão de alimentos é maior que o gasto de energia, os adipócitos armazenam o excesso em gotículas de lipídios, como os triglicerídeos. Em caso de escassez de alimento, os triglicerídeos proporcionam uma fonte fundamental de água e energia.
Existem dois tipos desse tecido: o branco (uni-locular) e o pardo (multilocular). Este é encontrado em abundância nos seres humanos durante a vida fetal e vai reduzindo após o nascimento restando quantidade variável. Já aquele é encontrado nos seres humanos adultos.

Observe, em amarelo, os adipócitos (mononuclear) ocupados por uma grande gota única de gordura e o fino citoplasma na periferia. A depender do corte, pode-se os núcleos nas bordas (vermelho).
Em azul, temos o adiposo multilocular em que seu citoplasma é quase todo ocupado por pequenas gotículas de lipídios dando às células um aspecto esponjoso.
Os núcleos esféricos situam-se no centro ou na periferia e há sempre uma faixa de citoplasma bastante distinta na periferia da célula.

d) Mastócitos: amadurecem e diferenciam-se no tecido conjuntivo, mas se desenvolvem na medula óssea, mais especificamente nas células-tronco pluripotente hematocitopoética. Suas principais características são: células são grandes de formato ovoide que quase não se cora por H-E, núcleo esférico com citoplasma exibindo pequenas quantidades de RER, mitocôndrias e complexo de Golgi. A superfície da célula contém numerosas microvilosidades e pregas e localiza-se, preferencialmente, próximo a vasos sanguíneos.
Além disso, participa da reação inflamatória secretando para a matriz extracelular várias moléculas acumuladas em grânulos presentes no seu citoplasma, como por exemplo a histamina e heparina.

Mastócitos são células inatas, sentinelas do sistema imunológico. Possuem localização tecidual e marginal a vasos sanguíneos, sendo capazes de responder rapidamente a agente agressores. Essas células liberam uma série de fatores inflamatórios (grânulos em amarelo), como TNF-α, e medeiam alterações vasculares observadas nos processos inflamatórios, além de contribuírem com o recrutamento e migração de leucócitos.
e) Células-tronco: vários tecidos de indivíduos adultos contêm reservatórios de células-tronco, denominadas células-tronco adultas. A diferença para as células-tronco embrionárias é que perderam a capacidade de diferenciarem em linhagens distintas, diferenciam-se apenas em linhagens específicas.
Em especial, a medula óssea é um reservatório importante de células-tronco. Além de conter células-tronco hematopoéticas, também tem pelo menos duas outras populações de células-tronco: uma população heterogênea de células progenitoras adultas multipotentes (MAPCs; do inglês, multipotent adult progenitor cells), que parece ter ampla capacidade de desenvolvimento, e células estromais da medula óssea (BMSC; do inglês, bone marrow stromal cells), que são capazes de gerar condrócitos, osteoblastos, adipócitos, células musculares e células endoteliais. Essas células dão origem a células diferenciadas que funcionam no reparo e na formação de novo tecido, como ocorre na cicatrização de feridas e na formação de novos vasos sanguíneos (neovascularização).

Pesquisadores da USC descobriram uma substância no sistema vascular do cérebro que preserva os neurônios necessários para manter a demência e outras doenças sob controle. A descoberta, em um modelo de rato do cérebro humano, se concentra em células específicas chamadas pericitos e revela que eles desempenham um papel anteriormente desconhecido. Os pericitos secretam uma substância que mantém os neurônios vivos, mesmo na presença de vasos sanguíneos com vazamentos que destroem a matéria cerebral e causam declínio cognitivo.
PERICITOS
Os pericitos são células perivasculares essenciais na manutenção das funções metabólicas; mecânicas e de sinalização nos microvasos. Estas células respondem a sinais vasoativos; a estímulos angiogênicos; guiam brotos vasculares; estabilizam capilares neoformados; e produzem fatores importantes para a sobrevivência da célula endotelial formadora dos vasos. Evidências atuais sugerem que os pericitos funcionem como células progenitoras tecido-residentes capazes de se diferenciarem em diferentes tipos celulares; incluindo osteoblastos; condroblastos e adipócitos.

Pericitos são células que revestem os vasos sanguíneos, desempenhando um importante papel na estabilização e no suporte desses vasos, além disso, eles exercem funções de interação com outras células que estão em seu microambiente.
Como já falamos das células residentes, agora trataremos das células transitórias que aquelas provenientes do sangue e que migram para o tecido de acordo com estímulos específicos. São elas:

a) Linfócitos: são células esféricas com diâmetro variável, possuem grande núcleo central heterocromático intensamente corado. São as menores células migrantes no tecido conjuntivo e tem função de imunovigilância contra patógenos e outras substâncias estranhas. Por isso, o número dessas células aumenta significativamente em locais mais propensos à inflamações causadas por agentes patogênicos como o sistema respiratório e digestório.
Há pelo menos três tipos principais de células funcionais de linfócitos; linfócitos T, linfócitos B e as células natural killer.
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Linfócitos T: chegam a ser até 75% dos linfócitos sanguíneos e, assim como os linfócitos B, também originam-se de células-tronco encontradas na medula óssea. Mas, antes do amadurecimento completo, migram para o timo onde ocorre o processo final de diferenciação celular.
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Linfócitos B: chegam a ser entre 5% e 10% dos linfócitos sanguíneos. Quando são estimulados por algum antígeno, diferenciam-se em plasmócitos e iniciam a produção anticorpos. Apresenta citoplasma característico de células secretoras, rico em retículo endoplasmático e complexo de Golgi. Além da produção de anticorpos, as células B também são responsáveis pela apresentação de antígenos para as células T. Alguns linfócitos B ativados não se diferenciam em plasmócitos dando origem as células B da memória imunitária que reagem rapidamente a uma segunda exposição ao mesmo antígeno.
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Natural Killer (NK): são células de defesa do sistema imune que tem a função de reconhecer as células estranhas ao organismo, células infectadas por vírus ou com algum tipo de alteração que possa levar ao surgimento de um câncer, participando ativamente do mecanismo de vigilância imunológica. No timo, os linfócitos T diferenciam-se em diferentes subpopulações: célula T-helper, T-supressora e T-citotóxica (células NK – natural killer). Os linfócitos T-helper estimulam a transformação dos linfócitos B em plasmócitos. Os linfócitos T-supressores inibem as respostas humoral e celular e apressam o término da resposta imunitária. Linfócitos T-helper e T supressores são células reguladoras. Os linfócitos T-citotóxicos agem diretamente sobre as células estranhas e as infectadas por vírus.
b) Plasmócitos: derivados de linfócitos B que durante uma resposta imunitária reconheceram antígenos e receberam instruções para se diferenciarem em plasmócitos. De formato esférico, núcleo fora do centro com grumos grandes de heterocromatina, citoplasma acinzetado geralmente basófilo em razão da presença de grande quantidade de retículo endoplasmático estas células sintetizam e secretam grandes quantidades de proteínas – imunoglobulinas de várias classes as quais chamamos de anticorpos.

Grânulos ressaltados em amarelo e citoplasma abundante em azul.
c) Neutrófilos: são glóbulos brancos que apresentam núcleos constituídos por dois a cinco lóbulos e possuem dois tipos de grânulos no citoplasma: grânulos específicos e azurófilos. Tipo leucocitário mais abundante em circulação, constituem a primeira linha de reconhecimento e defesa contra agentes infecciosos no tecido, tradicionalmente iniciam uma inflamação aguda e são responsáveis por uma resposta imune pró-inflamatória eficaz. Apresentam a capacidade de sair do interior de vasos sanguíneos intactos (diapedese) e invadir tecidos para defender nosso organismo.

Na lâmina ao lado, observe o núcleo formado por dois a cinco lóbulos ligados entre si por finas pontes de cromatina. O neutrófilo jovem (imaturo) não apresenta núcleo segmentado, sendo este em forma de bastonete, o que denomina a célula nesta fase. O grânulos dispersos em seu citoplasma podem ser específicos (menores) ou azurófilos, sendo que estes últimos correspondem aos lisossomos.
d) Eosinófilos: menos numerosos que os neutrófilos, mas aproximadamente do mesmo tamanho. Em geral, o núcleo é bilobulado, sendo que a principal característica para identificação deles é a presença de granulações ovóides que se coram pela eosina (acidófilas).
Repare no citoplasma os grandes grânulos corados por eosina. Essa característica marcante é chamada de núcleo bilobulado. Quando os eosinófilos são observados em microscópio eletrônico, pode-se identificar um corpo cristalino ou cristaloide no centro dos grânulos.

e) Basófilos: menos de 1% dos leucócitos do sangue, são os mais raros. Possuem núcleo volumoso e com formato que lembra a letra "S". O citoplasma é carregado de grânulos maiores do que os outros granulócitos contendo histamina, heparina, fatores quimiotáticos para eosinófilos e neutrófilos.

Reconhecidos por seus grânulos proeminentes preto-azulados, morfologicamente caracteriza-se como uma célula relativamente grande, citoplasma abundante, róseo, rico em grânulos basófilos. Também possuem estruturas citoplasmáticas elétron-densas chamadas de corpos lipídicos, ricos em ácido aracdônico. O núcleo multilobulado apresenta cromatina densa.
f) Monócitos: localizados na periferia do citoplasma, são os maiores leucócitos observados, têm núcleo ovoide em forma de "rim" ou "ferradura". Grânulos azurófilos muito delgados estão presentes no citoplasma.
Monócito com característica de núcleo ovoide em formato de rim, sua cromatina é mais clara e seu citoplasma possui granulações pouco visíveis. Seu citoplasma contém lisossomos, vacúolos fagocíticos e filamentos de citoesqueleto. Essas células são responsáveis pela produção de mediadores inflamatórios, além disso são recrutadas para locais de infecção ou de tecido danificado.
